“... Então o que é certo e o que é errado? Para mim, a percepção é o certo. Se você estiver com raiva, mas em total percepção, até a raiva estará certa. E se você estiver amando sem percepção, mesmo o amor estará errado. Então deixe a qualidade da percepção estar presente em todos os seus atos, em cada pensamento, em cada sonho que você tem. Deixe que a qualidade da percepção penetre em seu ser cada vez mais. Banhe-se na qualidade da percepção. Então qualquer coisa que você fizer será uma virtude. Então qualquer coisa que você fizer será uma bênção para você e para o mundo em que vive...”
(Osho em O Livro da Transformação).
O trecho acima é uma pequena parte de como o autor explica sobre o uso do chicote por Jesus para expulsar do templo de Jerusalém aqueles que estavam usando o lugar sagrado para a exploração do povo. Esse acontecimento se tornou um problema para os cristãos que não conseguiam compreender por que Jesus – o arauto da paz - teve aquela atitude. Mas Jesus, espírito perfeito, possuía compreensão, percepção e consciência e sabia o porquê do seu gesto naquele momento.
Na verdade a grande questão está no entendimento dos conceitos de copreensão, percepção e consciência. O fato é que somos consciência e não sabemos que somos porque é dela de onde emana a percepção de nossa experiência como humanos na terra, bem como o pensamento, a ação e a interação com a realidade do outro em nós. Por isso dizer que os relacionamentos são importantes porque oferecem as maiores oportunidades de aprender as lições que viemos aprender. Por isso nenhum relacionamento é insignificante ou acidental porque é nele que aprendemos a compreender.
Compreensão e percepção são palavras sinônimas, mas com hierarquias um pouco diferentes, no entanto as duas nunca estão desatreladas. A percepção é um pouco mais complexa porque envolve múltiplos aspectos das informações recebidas pelo nosso cérebro de humano desatento. Nossa percepção é limitada porque só compreendemos a vida dentro daquilo que já conhecemos. Mas Jesus compreendia de forma ampla por causa da sua conexão absoluta com a Verdade que conhecia: Deus. Por isso Sua consciência era plena e Sua percepção ilimitada. Daí ter podido usar o chicote contra os vendilhões do templo porque Suas emoções não afetavam a percepção da realidade.
A compreensão, portanto, é o instrumento fundamental ao ser humano para o relacionamento com o outro e deve permanecer sempre em nossa consciência porque, queiramos ou não, dividimos o mesmo espaço universal onde vivemos com nossos companheiros os quais, por uma série de motivos, são diferentes de nós.
A diversidade que nos separa é a mesma que nos une, embora isso possa parecer contraditório. Gostos, vontades, sonhos, pontos de vista são diferentes, mas isso não quer dizer que uns são possuidores de maravilhosas qualidades e características perfeitas e outros não. À medida que nos observamos vamos fazendo o exercício de olhar também o outro com todas as circunstâncias que envolvem as duas partes: eu e tu. Esse olhar sobre a diversidade humana traz pontos positivos porque nos faz aceitar o outro como igual e diferente ao mesmo tempo, o que possibilita tornarmo-nos pessoas mais perceptivas e “compreendedoras”.
A compreensão está ligada ao amor que nos iguala perante Deus. A compreensão de que a nossa existência está ligada à presença do outro – o que nos faz unos – é um dos caminhos para o aperfeiçoamento e a evolução espiritual.
Neuzamaria Kerner – 25/05/2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário