Feliz aquele que pode dizer cada noite, ao dormir: nada tenho contra o meu próximo.
Tela de Denise Borges |
No Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. X - Bem-Aventurados os Misericordiosos, na Instrução dos Espíritos, Simeon – Bordeaux, 1862 - ao nos falar sobre o perdão das ofensas, termina o texto com o pensamento em epígrafe. Será que todos nós, antes de entrarmos no mundo do sono e do sonho, podemos repousar a cabeça no travesseiro e dizer: nada tenho contra o meu próximo?
Se não podemos dizer isso, é porque ainda não aprendemos a perdoar. Mas sempre é tempo de aprender para que possamos alcançar a paz e a felicidade durante esta viagem que estamos fazendo nesta vida como espíritos encarnados. É bom e reconfortante saber que recebemos tudo o que precisamos para ser felizes, no entanto é triste perceber que, com frequência, não sabemos usar o que nos foi dado amorosamente por Deus, inclusive a capacidade de perdoar.
O perdão consiste unicamente da nossavontade de praticar o que Jesus nos disse: amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo. Dito assim parece fácil – e é -, mas o problema surge ao confundir a essência do significado da palavra AMOR, principalmente nos dias atuais, quando esse sentimento vem sendo mal interpretado e banalizado. Podemos dizer que amar a Deus é simples, afinal Ele não nos causa mal nenhum. No entanto, na nossa imaturidade espiritual, entendemos que amar ao próximo como a nós mesmos significa que somente amamos na medida em que somos amados. E se, por algum motivo, não sejamos amados como esperamos e queremos? Se formos injustiçados por alguém, como amaremos a quem nos magoa?
Aí é que entra a grandeza do perdão, essência do cristianismo, porque este exige de nós outros atributos: a caridade, a benevolência, a misericórdia, o desprendimento, a humildade e, sobretudo, o Amor. Perdoar é abdicar do nosso orgulho. Perdoar é compreender o outro com suas circunstâncias. Perdoar é saber que mesmo que as circunstâncias não mudem, podemos dizer que nós mudamos – porque amamos – independentemente das tais circunstâncias.
Quando não perdoamos, permanecemos agarrados a antigas feridas e mágoas, alimentando ressentimentos que nos adoecem. Permanecemos segurando a garganta do outro, ficando também aprisionados nele e com ele. Ficamos escravos da mágoa.
O perdão nos traz muitos benefícios, inclusive o sentimento de totalidade que parecia arrebatado pelo ofensor. O perdão nos confere a liberdade de ser novamente quem somos, ou seja, seres espirituais vivendo uma experiência humana na terra. O perdão nos devolve ao estado de graça. O perdão é o milagre curador das nossas feridas interiores, nos devolvendo a felicidade perdida. O perdão nos faz lembrar que o outro é tão humanamente imperfeito como nós.
O perdão não é uma tarefa que acontece uma vez na vida, e sim um trabalho permanente. Ele é o nosso plano de manutenção espiritual, que nos ajuda a permanecer em paz e em contato com o Amor. Por isso que Jesus, nosso amado mestre, nos ensina que se deve perdoar o irmão, não sete vezes, mas setenta vezes sete, não apenas para evitar as discórdias na vida presente, mas também evitar que elas se perpetuem nas existências futuras.
Os espíritos evoluídos, mesmo quando encarnados, sempre souberam disso. Tentaram nos ensinar, mas nós não prestamos atenção à aula. E para que não esqueçamos nunca mais das lições aprendidas, finalizo este texto sobre o perdão, deixando de presente pensamentos de Chico Xavier enviados pelos seus mentores espirituais:
- “Perdão é lucro.” (Emmanuel);
- “... O perdão é o remédio que nos recompõe a alma doente... Não admita que o desespero lhe subjugue as energias!... Guardar ofensas é conservar a sombra. Esqueçamos o mal para que a luz do bem nos felicite o caminho...” (André Luiz)
- “A atitude que mais favorecerá o nosso êxito espiritual nos trabalhos do mundo deve ser a que vos é ensinada pela lei divina, na reencarnação em que vos encontrais, isto é, a do esquecimento de todo o mal, para recordar apenas o bem e a sagrada oportunidade de trabalho e edificação, no patrimônio eterno do tempo" (André Luiz).
- "Esquecer o mal é aniquilá-lo, e perdoar a quem o pratica é ensinar o amor, conquistando afeições sinceras e preciosas".
Daí a necessidade do perdão, no mundo, para que o incêndio do mal possa ser exterminado, devolvendo-se a paz legítima aos corações.” (Emmanuel)
Bom dia Amada,
ResponderExcluirBem oportuno neste dia de eleições.
Quem será a gente costuma eleger para cuidar de nossas vidas?
Nada há de mais intenso aos olhos de Deus do que o perdão e a gratidão.
Parabéns, como sempre, divina.
bjos.w
Já tentei fazer vários comentários e nenhum dá certo. D. Martha conseguiu e agora já não consegue mais, o que ta acontecendo não sei, não nos chame de ...
ResponderExcluirCada vez que tento deixar um comentário, é mais uma leitura que faço, e com prazer, afinal ler os seus textos só me trazem alegria e prazer.
Vc com a sua sapiência, sabedoria e bondade nos presenteia ou melhor está sempre "doando palavras".