Este Blog é dedicado a Marise.

sábado, 2 de outubro de 2010

O PERDÃO E SEUS BENEFÍCIOS

Feliz aquele que pode dizer cada noite, ao dormir: nada tenho contra o meu próximo.

Tela de Denise Borges
No Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. X - Bem-Aventurados os Misericordiosos, na Instrução dos Espíritos, Simeon – Bordeaux, 1862 - ao nos falar sobre o perdão das ofensas, termina o texto com o pensamento em epígrafe. Será que todos nós, antes de entrarmos no mundo do sono e do sonho, podemos repousar a cabeça no travesseiro e dizer: nada tenho contra o meu próximo?

Se não podemos dizer isso, é porque ainda não aprendemos a perdoar. Mas sempre é tempo de aprender para que possamos alcançar a paz e a felicidade durante esta viagem que estamos fazendo nesta vida como espíritos encarnados. É bom e reconfortante saber que recebemos tudo o que precisamos para ser felizes, no entanto é triste perceber que, com frequência, não sabemos usar o que nos foi dado amorosamente por Deus, inclusive a capacidade de perdoar.

O perdão consiste unicamente da nossavontade de praticar o que Jesus nos disse: amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo. Dito assim parece fácil – e é -, mas o problema surge ao confundir a essência do significado da palavra AMOR, principalmente nos dias atuais, quando esse sentimento vem sendo mal interpretado e banalizado. Podemos dizer que amar a Deus é simples, afinal Ele não nos causa mal nenhum. No entanto, na nossa imaturidade espiritual, entendemos que amar ao próximo como a nós mesmos significa que somente amamos na medida em que somos amados. E se, por algum motivo, não sejamos amados como esperamos e queremos? Se formos injustiçados por alguém, como amaremos a quem nos magoa?

Aí é que entra a grandeza do perdão, essência do cristianismo, porque este exige de nós outros atributos: a caridade, a benevolência, a misericórdia, o desprendimento, a humildade e, sobretudo, o Amor. Perdoar é abdicar do nosso orgulho. Perdoar é compreender o outro com suas circunstâncias. Perdoar é saber que mesmo que as circunstâncias não mudem, podemos dizer que nós mudamos – porque amamos – independentemente das tais circunstâncias.

Quando não perdoamos, permanecemos agarrados a antigas feridas e mágoas, alimentando ressentimentos que nos adoecem. Permanecemos segurando a garganta do outro, ficando também aprisionados nele e com ele. Ficamos escravos da mágoa.

O perdão nos traz muitos benefícios, inclusive o sentimento de totalidade que parecia arrebatado pelo ofensor. O perdão nos confere a liberdade de ser novamente quem somos, ou seja, seres espirituais vivendo uma experiência humana na terra. O perdão nos devolve ao estado de graça. O perdão é o milagre curador das nossas feridas interiores, nos devolvendo a felicidade perdida. O perdão nos faz lembrar que o outro é tão humanamente imperfeito como nós.

O perdão não é uma tarefa que acontece uma vez na vida, e sim um trabalho permanente. Ele é o nosso plano de manutenção espiritual, que nos ajuda a permanecer em paz e em contato com o Amor. Por isso que Jesus, nosso amado mestre, nos ensina que se deve perdoar o irmão, não sete vezes, mas setenta vezes sete, não apenas para evitar as discórdias na vida presente, mas também evitar que elas se perpetuem nas existências futuras.

Os espíritos evoluídos, mesmo quando encarnados, sempre souberam disso. Tentaram nos ensinar, mas nós não prestamos atenção à aula. E para que não esqueçamos nunca mais das lições aprendidas, finalizo este texto sobre o perdão, deixando de presente pensamentos de Chico Xavier enviados pelos seus mentores espirituais:

- “Perdão é lucro.” (Emmanuel);

- “... O perdão é o remédio que nos recompõe a alma doente... Não admita que o desespero lhe subjugue as energias!... Guardar ofensas é conservar a sombra. Esqueçamos o mal para que a luz do bem nos felicite o caminho...” (André Luiz)

- “A atitude que mais favorecerá o nosso êxito espiritual nos trabalhos do mundo deve ser a que vos é ensinada pela lei divina, na reencarnação em que vos encontrais, isto é, a do esquecimento de todo o mal, para recordar apenas o bem e a sagrada oportunidade de trabalho e edificação, no patrimônio eterno do tempo" (André Luiz).

- "Esquecer o mal é aniquilá-lo, e perdoar a quem o pratica é ensinar o amor, conquistando afeições sinceras e preciosas".

Daí a necessidade do perdão, no mundo, para que o incêndio do mal possa ser exterminado, devolvendo-se a paz legítima aos corações.” (Emmanuel)



sábado, 18 de setembro de 2010

GRATIDÃO: PEQUENAS HISTÓRIAS E PENSAMENTOS, GRANDES REFLEXÕES


A palavra gratidão é definida em todos os dicionários da seguinte forma: reconhecimento por um benefício recebido.

Mas será que é só isso?

Recentemente, durante uma forte chuva em Niterói (RJ) um morro desabou encobrindo casas e seres. Pessoas que conseguiram escapar do trágico soterramento, e outras que estavam por perto, ao ouvirem o alarido, partiram sobre o amontoado de terra e cavaram, alguns com as próprias mãos, a fim de resgatar os possíveis sobreviventes. Nem tiveram tempo de pensar no risco que corriam com a possibilidade de novos desabamentos. Ajudavam. Mesmo com a chegada dos bombeiros. Ajudaram incansavelmente e salvaram muitas pessoas. Naquela hora pouco importava se a imprensa chegaria para “celebrizar” o acontecimento e os “salvadores”. Qual o sentimento que movia cada um trabalhador da ‘última hora’? - Solidariedade - podemos responder apressadamente sem refletir. Mas onde entra aí a gratidão?

Uma vez entendido o sentimento da gratidão, e permitido que ele se aprofunde em você, começará a se sentir grato por tudo. E, quanto mais grato você ficar, haverá menos queixas e resmungos. Uma vez desaparecidas as queixas, a infelicidade desaparecerá. Esse é um dos segredos mais importantes a serem aprendidos. (Osho Rajneesh – Filósofo indiano).

Continuando com tragédias ligadas a chuvas, em Salvador, um carro e seu motorista estavam sendo arrastados pela enxurrada. De repente alguém se atira para salvar a quem não conhece, também sem pensar em si, e consegue resgatar o motorista com vida. Dizem que no mundo de hoje não existe sentimento de solidariedade, mas sempre estamos vendo pessoas acudindo outras. O acudido é grato a quem acode – isso é o normal. Mas quem acode será que o faz por causa do sentimento de gratidão pela sua própria vida?

A gratidão é uma dádiva que deve ser paga, mas que ninguém tem o direito de esperar que o seja. (Jean Jacques Rousseau – Pensador suíço).

Em Lauro de Freitas uma moça, acometida de alguns problemas existenciais, saiu vagando dentro da noite e, sob o efeito do peso da dor psicológica, deitou-se numa calçada e dormiu. Um homem aproximou-se e cuidou até que ela acordasse e pudesse dizer quem era e com quem ele poderia falar a fim de que alguém fosse buscá-la. Nos tempos violentos em que vivemos, ele poderia ser um malfeitor, tê-la estuprado, roubado ou simplesmente tentado ganhar alguma recompensa financeira pelo ato de tomar conta de uma pessoa desprotegida num canto escuro de estrada. A família, depois de avisada, foi ao encontro da moça e, ao tentar agradecer ao homem, ele respondeu: não precisa. Fiz como se fizesse a mim ou a alguém da minha família.

(...) É comum ouvir-se a expressão "foi fazer amor" como sinônimo de relação sexual. Do meu ponto de vista, sexo nada tem a ver com amor e nada tem a ver com a verdadeira intimidade. Amor é o resultado de todas as funções já enumeradas: tolerância, humildade, gratidão, generosidade, noção de limites - um não à onipotência. (Jorge W. F. Amaro – Psiquiatra e psicanalista).

Nesses casos apresentados as pessoas que socorreram as vítimas (dos escombros, da correnteza e da dor) ‘fizeram’ amor a os seus semelhantes, ‘fizeram’ gratidão a seus semelhantes. Melhor dizendo: amaram o próximo como a si mesmo. Diante da oportunidade fizeram-se braços de Deus para, amorosamente, cumprir o que deve ser feito por amor, por gratidão – nunca dívida – à vida que recebeu.

Portanto, quem não ama não é grato. Quem não ama é indiferente ao outro. A gratidão é nobreza. É uma virtude que precisa ser cultivada e desenvolvida continuamente. Precisa se tornar um hábito diário para que se possa eliminar o vício das lamentações. A gratidão não deve ser apenas um conceito isolado, preso nas páginas dos dicionários, porque é indissociável da solidariedade e de outros sentimentos.  A gratidão é um dos nomes do amor. 

Que eu mesma aprenda este ensinamento!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A FORÇA ETERNA DO AMOR

TERESA DE CALCUTÁ PELAS MÃOS DE ROBSON PINHEIRO – Casa dos Espíritos Editora, 2009, Contagem, MG.


É setembro. É o mês que ela partiu para as estrelas. Para outros planos, como queiram dizer. Vale a pena ler o livro que, de certa forma, pode transformar as preciosas e irreverentes falas de Madre Teresa num grande aprendizado para a vida e, conseguintemente, para a aquisição de novos e reais valores. Eis algumas:

O senhor não daria banho em um leproso nem por um milhão de dólares? Eu também não. Só por amor se pode dar banho em um leproso.



Todas as nossas palavras serão inúteis se não brotarem do fundo do coração. As palavras que não dão luz aumentam a escuridão.

Quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las.

A coisa mais fácil? Errar.


Se eu alguma vez vier a ser Santa – serei certamente uma Santa da ‘escuridão’. Estarei continuamente ausente do Céu – para acender a luz daqueles que se encontram na escuridão da Terra.

Não utilizemos bombas e armas para dominar o mundo. Vamos usar Amor e Compaixão.

A paz começa com um sorriso. Sorria cinco vezes por dia para alguém a quem não gostaria realmente de sorrir; faça isso pela paz. Então, vamos irradiar a paz de Deus e acender a sua luz e extinguir do mundo, e dos corações de todos os homens, todo ódio e o amor pelo poder.



Madre Teresa - que não nasceu em Calcutá, mas na Macedônia – tomou a decisão de servir ao próximo quando ainda era uma adolescente que se sentia vazia. Tentando encontrar um sentido para a sua vida tornou-se missionária e começou a ensinar a ler às crianças pobres da Índia. Mais tarde, ao andar pelas ruas, impressionada com a miséria humana, mudou o rumo da vida e dedicou-se totalmente à ajuda humanitária. Personalidade forte, não aceitava ter conhecimento da miséria do povo e ficar entre os muros do convento. Por isso, valentemente, lutou pela permissão de fundar a própria ordem – As Missionárias da Caridade - quando passou a cuidar também dos leprosos,  doentes contaminados pelo HIV, além de dar atenção especial aos velhos abandonados. Foi reconhecida pelo trabalho e recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Desencarnou em Calcutá, aos 87 anos, no dia 05 de setembro de 1997.

Em 2004 o médium Robson Pinheiro começou a psicografar mensagens contundentes da obstinada, corajosa e irreverente Madre Teresa. A partir de falas atribuídas à missionária de Cristo, enquanto encarnada, Robson inicia cada capítulo do livro A FORÇA ETERNA DO AMOR. O primeiro pensamento é muito forte e nos provoca reflexões profundas sobre a nossa postura como seguidores do Mestre Jesus: A vida de Cristo foi muito mais do que um teatro encenado para sensibilizar a humanidade. Madre Teresa critica o sistema dos governos que dizem ser necessário guerrear para conseguir a paz no mundo quando, na verdade, apenas bastaria educar os povos e resgatar o amor principalmente na família que é a base de tudo.

É necessário reafirmar que a paz não se consegue por decreto governamental e alimentando a indústria bélica, mas com pessoas de boa vontade, abrindo o coração para pôr em prática o "Amai-vos uns aos outros", seguindo verdadeiramente as ideias do Rabi (professor; aquele que ensina).
 
Amar implica caridade. Para Teresa dos pobres, Teresa de Calcutá, Teresa de Deus amar é o mair remédio para a erradicação de nossos males porque dar e receber amor e oferecer apoio social fortalecem as células imunológicas, afasta do isolamento e mata a solidão existencial.
 
Ler sobre Teresa de Calcutá nos deixa com a vontade de mudar para melhor.